sexta-feira, 18 de setembro de 2009

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Morte & Alguns Prazeres Mais...

Morte,e alguns prazeres mais
Dilatados no coração da Infanta,
Que bradam a viuvez do Duque de Sabóia
Fecundam a desgraça paternal e fraternal.
Morte,a hércules da catástrofe...

A calamidade espreitava debaixo,
Do negro pano...

Vã Sedução Germinou da Pena de Almeida

Vã sedução germinou da pena de Almeida
Invocando o grande pai do teatro lusitano.
Nas cortes de Júpiter o agouro assobia no vento,
Na paz eterna do jazigo palpa-se a sorte fria;
Algo belo clementemente dorme
Neste descanso todo o reposteiro esconde-a para si.

Beatriz!

A corte dos não-vivos aclama-te!
Menina e Moça te garantiram a doença.
Bernardim,a carne da evasão,
Deixou-te a aristocrata por quem padeces
Lamenta-te nos Montes Cárpatos
A mando de quem te invocou.
Nós loucos entre as chagas,fugimos do fulgor
E do furor dúbio.
Eu pinto de cor de ouro nossas asas aguçadas.
Toca no teu alaúda minhas espadas cravadas no peito.

Jussara Corrupto do Karmo

Ária Na Memória de Bocage

A piedade e o fingimento celebram a insónia
Na qual a memória só cabe Jónia.
Perturbadas visões do santuário do ciúme
E abençoadas pela pátria no queixume.
Sepulturas,jazigos,níveas pedras
Confronta com Camões desgostosas perdas.
E,de lá,vem o ciúme,o abrasador lume
E a Razão,já sem força,em si sucumbe.
Não desprezeis este Lusitano Casanova
Pois sua vida até no actual fausto é lamentosa.
Bocage,amaste as Vénus e as Afrodites,
E aos metais letais não me incluíste.
E em teu Fado receaste,e folgaste a Morte.
O Tempo e o Destino fizeram-te ceder à sorte.
No abominável cárcere cuidavas-te dono de virtude,
Enquanto a cegueira uma vez te ilude,
Quando no teu peito havia melancolia e teimosia.
Achaste-te no esplendor e formusura alucinado,
E viste em ti o vadio tramado!

Reflexão da Loucura

"Desçamos então ,aos Infernos,como o potente Orpheu;para resgatar nossa Loucura,que puderemos nunca ver em lugar salvaguardado!"

Cristóvão Voyeur

Ária na Memória de Fradique Mendes

I

De castiçal nocturno,sai o fumo silhueta,
Lá para o cume da razão
Os ecos da amnistia fatídica herdou.
Sobre o seu rígido e vigorado dorso,
A insígnia dos rituais mil.
A sumidade amarra-se a si para assumir a plena nudez.

II

Varão dos mil e um mundos,
As suas cantadas hereges aversas ao supremo,
Esquecidas na airosidade dos novos adágios,
Expugnadas.
Dorme eternamente este herege cantante,
Na magistral ostentação.

III

A míngua da habilidade é merecedora de inúmeros réquiens.
As suas peripécias suprimem o indolor encanto
O vistoso e pomposo saber ocupa vagos lugares
Neste recinto de zés-ninguém.
Zarpemos ou latinizemos estas beatas almas.
Tua correspondência será o chamariz da banalidade.

Cristóvão Voyeur

Missiva (uma memória do moderno)

A Fradique...

Ressoa o minueto,nos ecos do romantismo
Uma pintura bem mais alta que o olhar ignóbil
Da Razão.
A postulada sedução da segregação
Vem a caminho lentamente a divagar.
Quando Manuel Maria pede piedade,a realidade
Corta o coração.
Debalde,o esbatimento de Minerva sobre a Terra.
Gritemos pois contra o Dantas com ardor nos olhos.
Errante alvoroço,o meu idóneo manifesto.
Mas quando o minueto não mais ressoar
A ignorância que se estende sobre Ébora
Irá não mais divagar.
Somos aqui condenados se possuímos arte,
Se não possuímos arte aqui somos condenados.
Já se certos Dantas vivem aqui hoje,Portugal
Será,e é um antro de perdição.
Os Dantas de hoje que vão dançar o só-li-dó
Para outro lado.
Sendo assim temos que tirar a arte da vista dos Dantas!!!
Morram os Dantas!Morram!

O Amanhecer do Poeta Resguardado de Sumo

Querê-mo-lo de volta,mas a perda adora-o
Este Apólo inexistente e casto.
Aclamê-mo-lo pois senhor de Phallustein,
Sua infinita caminhada tem,senhor de mil conhecimentos.
Suas Lapidarias de patrício acinzentadas,
Repousadas no seio sábio,
Cortam apetites de repugnância.
Sua face um lago de pérolas,este marechal de elite
Conta inúmeras cordas cerebrais desfeitas.
Lisboa para o poeta das Lapidarias era um jardim
De pedra,com caixão à medida.
Cuspimos em monumentos lacustres convencionalmente,
Bebemos anil e a euforia lança-se no pedestal,
O hábito não combina e a beatice não nos
Assenta bem.
Evadimo-nos no fumo e apanhamos as cinzas,
Dá-nos a tua luz,arcanjo,
Antes que subamos a escadaria sem corrimão
E fim.

A Fradique Mendes

Invoco-te,o não pelo mundo em carne recebido,
Todas as suas palavras,pura cobiça,
Onde a tirania não possui nada,nem canto,
E onde a suportável loucura tem fim,e eu não!

Eu invoco-te!

Já é de minha memória o teu oásis.
O obsoleto em parábola,
Este deus frente a mim...
Oh,como a tua sapientíssima alta terá desencadeado
A aclamação e declamação da volúpia em mim,
Tão perfumada como a brisa declama a
Predestinação do Inverno...
E no relento da fúria vejo a tua trilha...
A cripta frui de alma...
Não impune de receber os teus destroços,
Fradique,majestática serenidade,ergue.
Dos esquecidos reais,flui!

Jussara Corrupto do Karmo

Cambaleemos,sós...

Cambaleemos,sós,neste antro para a Ignorância,condenada pela ancestral desventura.Cresçamos,lá,tão repletos de miséria e desejo e jurarei que é amor.Num adormecido lago,farás a aliança comigo,para nos juntarmos ao prateado luar.
Um horizonte de fogo,a pira que chora,cai no abismo e trai meu olhar,fixo-o em si,oh meu Satyr velado,como é caoticamente incolor o penoso desejar.
Distantes queixumes persistem,lençóis que venerámos outrora,desabem os céus,quebrem-se as piras pendulares.
Meus caprichos,uma rosa encarnada,que grita meu nome da vazia jarra,junto ao leito do lamento.
O torniquete ficara intacto quando deixaste,lembra meus brancos,leves e macios braços ao teu pescoço.
Ouve a música do lamento,as notas quebram-se!
Cambaleemos,finalmente sós,debaixo do luar,onde os cortesãos gumes não nos firam.

Jussara Corrupto do Karmo