O querer não volvido ou perdido
É a euforia chorosa do gozo,
Que inunda a alma de misantropia.
Querer é pior que conceder perdão,
Pois do réu tudo fazer poderemos,
E no desejado poderá ele fazer-me réu.
Não te quero querer
Porque ao querer-te de mim estou a fazer réu.
Ao ser tua réu,
Não aparecerá harmonia nos céus.
Esta euforia,que passará,
Pelo ardor que evade o meu desejar.
Quando nossos olhares se fixam,
O querer cai no Letes
E só existe o lânguido furor de te ter,breve.
Mas este querer perdido ou não volvido
Sem fumo de fogo,cai,
Para o castigo da euforia.
Só no leito,pelo cair da noite,
Contemplo no meu pensamento
Os teus cabelos loiros,os teus lindos e vivos olhos castanhos,
A tua láctea pele,o teu porte calmo viril,
A tua arte,e desfaço-me em calma.
Não te quero tocar,não te quero desejar,
Embora o bastante seja mulher para ti.
Mas se te desejar mais,estarei a fazer de mim,tua réu.
O querer não volvido ou perdido
É a euforia chorosa do gozo,
Que inunda a alma de misantropia.
Tânia Passinhas
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