Não importa sol ou sombra
Camarotes ou barreiras
Toureamos ombro a ombros
As feras.
Ninguém nos leva ao engano
Toureamos mano a mano
Só nos podem causar dano
Espera.
Entram guizos,chocas e capotes
E mantilhas pretas
Entram espadas,chifres e derrotes
E alguns poetas
Entram bravos,cravos e dichotes
Porque tudo mais são tretas.
Entram vacas depois dos forcados
Que não pegam nada.
Soam brados e olés dos nabos
Que não pagam nada
E só ficam os peões da brega
Cuja profissão
Não pega.
Com bandarilhas de esperança
Afugentamos a fera
Estamos na Praça
Da Primavera.
Nós vamos pegar o mundo
Pelos cornos da desgraça
E fazemos da tristeza
Graça.
Entram velhas doidas e turistas
Entram excursões
Entram benefícios e cronistas
Entram aldrabões
Entram marialvas e coristas
Entram galifões
De crista.
Entram cavaleiros à garupa
Do seu heorísmo
Entra aquela música maluca
Do passodoblismo
Entra a aficcionada e a caduca
Mais o snobismo
E cismo...
Entram empresários moralistas
Entram frustrações
Entram antiquários e fadistas
E contradições
E entra muito dólar,muita gente
Que dá lucro aos milhões.
E diz o inteligente
Que acabaram as canções.
[Ary dos Santos & Nuno Nazareth Fernandes]
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